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FGV disponibiliza arquivo histórico de nove mulheres brasileiras

  • Publicado: Quarta, 21 de Outubro de 2020, 11h48
  • Última atualização em Quarta, 21 de Outubro de 2020, 14h30
  • Acessos: 614

Acervo digital conta com mais de 35 mil páginas com documentos e informações sobre personalidades do jornalismo, literatura, política, diplomacia e trabalho

Documentos da sindicalista, advogada e jornalista, Almerinda Farias Gama, que integrou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino -  (crédito: Divulgação/FGV)
Documentos da sindicalista, advogada e jornalista, Almerinda Farias Gama, que integrou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino 
(Crédito: Divulgação/FGV)
 

A constituição de acervos históricos de mulheres ainda é uma barreira que afeta tanto a pesquisa quanto a memória nacional. A falta de acesso a esse material diminui a análise e a visibilidade para o papel desempenhado por tantas brasileiras, bem como para os desafios que tiveram de superar em tantas áreas como na cultura, literatura, trabalho, política, diplomacia, economia e jornalismo. Para enfrentar esse problema, o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas, em parceria com o Center for Research Libraries (CRL), desenvolveu um projeto para disponibilizar ao público nove arquivos de mulheres que impactaram a história brasileira.

 

O acervo foi concluído em junho de 2020, e mais de 35 mil páginas de documentos digitalizados estão abertos para consulta pública, por meio do Portal do CPDOC. Todos os interessados podem encontrar no site o material até então inédito para o grande público, sobre mulheres como a sindicalista, advogada e escritora Almerinda Farias Gama, a poetisa Anna Amélia de Queiroz, a jornalista que teve os direitos políticos cassados pelo AI-5 Niomar Moniz Sodré Bittencourt e a diretora de um dos maiores conglomerados de comunicação da historia brasileira, o Diários Associados, Rosalina Coelho Lisboa. A iniciativa também conta com a revisão e atualização de informações e biografias das mulheres.

O arquivo 

Confira um resumo da história de cada uma dessas personalidades, que compõe o acervo:

Almerinda Farias Gama (1899 - 1992) - Foi sindicalista, advogada e jornalista que integrou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e lutou, junto de outras mulheres, pelo direito ao voto feminino no Brasil. Ela fundou o Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal e foi, como representante do sindicato, a única mulher a votar como delegada na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, em 1933. No ano seguinte, Almerinda Farias se candidatou para Câmara Federal pela legenda "Decreto do Direito ao Trabalho, Congresso Master". Ela também atuou como colaboradora em periódicos paraenses e cariocas e foi autora de livros como Zumbi e O dedo de Luciano.

 


Anna Amélia de Queiroz Carneiro de Mendonça (1896 - 1971) - A poetisa Anna Amélia foi colaboradora em diversos jornais do Rio de Janeiro e atuou como diretora no suplemento feminino do Diário de Notícias. Foi presidente da Associação Brasileira de Educação, vice-presidente da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e fundadora da Casa do Estudante do Brasil (1929). Foi a primeira mulher a participar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como parte da mesa apuradora das eleições de 1934. Em 1935, representou oficialmente o Brasil no 12º Congresso Internacional de Mulheres em Istambul e em 1942, foi escolhida como representante brasileira na Comissão Internacional de Mulheres, com sede na União Pan-Americana em Washington. Em 1967, foi convidada pelo governo do Estado de Israel para representar a mulher brasileira no Congresso Internacional Feminino pela Paz e Desenvolvimento. É autora do livro Quatro pedaços do planeta no tempo do Zeppelin.


Delminda Benvinda Gudolle Aranha (1894 - 1969) - Delminda Aranha foi presidente do Comitê de Auxílio às Famílias das Vítimas de Atentados do Eixo, órgão de assistência que atuou em um período particular da história brasileira e mundial e reúne registros sobre o atentado que foi o estopim para a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Delminda foi casada com o diplomata Oswaldo Aranha e participou dos preparativos da Revolução de 1930, codificando as resoluções tomadas durante as reuniões no Rio Grande do Sul e decifrando os telegramas recebidos.


Hermínia de Souza e Silva Collor (1895 - 1971) - Hermínia Collor foi chefe da ala feminina do Partido Republicano Castilhista e presidente do primeiro posto de assistência social da União Democrática Nacional (UDN). Participou junto à Legião da Mulher Brasileira de ações voltadas para a proteção, alfabetização e instrução das mulheres. Hermínia foi casada com Lindolfo Collor.

 


Hilda Von Sperling Machado foi embaixatriz e casada com Cristiano Machado. Ela atuou em grupos da sociedade civil em prol dos menos favorecidos.


Luiza de Freitas Valle Aranha (1872-1948) - Luiza Aranha foi proprietária da estância Alto Uruguai em Itaqui (RS). Teve nove filhos, entre eles o ministro e diplomata Oswaldo Aranha. Atuou em projetos comunitários que promoviam ações contra a desigualdade social e em favor do direito à saúde.


Niomar Moniz Sodré Bittencourt (1916 - 2003) - Jornalista e proprietária do jornal Correio da Manhã, Niomar colaborou com diversos jornais revistas e foi integrante da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Ela também integrou o Conselho Deliberativo do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, instituição que ajudou a fundar em 1948. Enquadrada na Lei de Segurança Nacional pelo Superior Tribunal Militar em 20 de novembro de 1969, teve os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). Foi presa junto com outros jornalistas e absolvida no ano seguinte.

 


Rosalina Coelho Lisbôa de Larragoiti (1900 -1975) - A jornalista e diretora do jornal Diários Associados foi representante da Paraíba no Congresso Feminino Internacional (1930) e delegada do Brasil na Assembleia Geral da ONU, em 1951. Ela integrou o Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (1954). É autora de diversos livros, entre os quais, Rito pagão e A seara de Caim.


Yvonne Maggie de Leers Costa Ribeiro (1944) - Yvonne Maggie é antropóloga e professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi coordenadora do Laboratório de Pesquisa Social do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) entre 1988 e 1992 e diretora do IFCS, de 1994 a 1997. É autora dos livros Guerra de orixá: um estudo de ritual e conflito e Medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil, respectivamente, dissertação de mestrado e tese de doutorado da antropóloga.

Tagsacervo histórico FGV  personalidades femininas

Fonte: Correio Braziliense

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