O livro é realmente difícil de substituir', diz presidente de sindicato de editores
O presidente do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), Marcos Pereira, conta como, após o impacto da pandemia, o mercado editorial vem se recuperando no país.
Como foi o ano passado no mercado editorial?
Esse foi o primeiro ano que cresceu, depois de quatro consecutivos de queda. 2015 e 2016 são anos da recessão; 2017 e 2018, anos da crise das grandes redes de livraria. A gente viu uma recuperação muito forte do mercado, o que foi alento, depois de anos tão difíceis. Eu tinha muita certeza que a gente teria um bom ano de novo.
E aí a pandemia chegou…
A pandemia foi, num primeiro momento, devastadora. Para você ter uma ideia, em março, o mercado cai 4,5%. Em abril, o mercado cai perto de 48% – é o pior momento. Ele recupera em maio um pouco, cai 33%. E aí tem esse super crescimento de junho [32%], que foi muito surpreendente, animador.
Como você explica a volta do crescimento?
Primeiro, um crescimento muito forte, mas sobre que base? Você estava com a base muito baixa. Num primeiro momento, muito medo, desconhecimento. As pessoas vão para o básico. Num segundo, na medida em que você vai fazendo sua vida nova em quarentena e ocupando o tempo de formas diferentes, o livro volta a ter um papel muito relevante.
De que forma o comércio online contribuiu?
As editoras começaram a se movimentar muito fortemente para marketing nas mídias sociais. Você teve lives com autores, webinars, promoções – isso teve um impacto. Essa discussão sobre racismo, você viu um “boom” dos livros desse tema. Eu explico pela resiliência do livro. O livro é realmente difícil de substituir, de quebrar, ele tem um apelo muito grande.
Com a flexibilização, o mercado vai se recuperar mais ainda?
É o que a gente espera. Todo mundo abriu com movimento na ordem de um terço do que era normal, o que não é suficiente para pagar suas contas. Essa é a grande dúvida: como vai ser a consistência da reabertura? E não é só abertura da loja – é a circulação. As pessoas continuam com medo. O varejo físico depende de circulação, a compra por impulso, a oportunidade.
Espaços de venda físicos continuam importantes?
O que a gente precisa trabalhar é capturar o melhor dos dois mundos. Ter comércio online forte e saudável é uma coisa boa, porque ele chega a todo país, permite uma capilaridade. A gente tem uma quantidade muito grande de cidades no Brasil que não têm livraria – a grande maioria. Por outro lado, a livraria é a grande vitrine, o ponto de encontro. Tem um papel fundamental dentro da indústria. É só você ver a quantidade de livros novos que estão chegando ao mercado: ela é muito pequena.
Fonte: Metro Jornal
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